Maribel Bernal (Domus RS): “Esperamos continuar a crescer em 2023 e não excluímos a possibilidade de comprar uma empresa”.

Um ano turbulento para o sector imobiliário está a chegar ao fim: começou com recordes históricos de transacções e uma subida contínua dos preços, mas a partir de setembro, a subida das taxas e as más previsões económicas ensombraram o ambiente. A partir da Domus, Maribel Bernal Freytas (Directora Associada) analisa a situação e antevê os projectos da sua empresa para enfrentar este novo ciclo.

Pergunta: Em que medida está a afetar o sector e em que medida pensa que o afectará realmente?

Resposta: O sector encontra-se num ponto de maturidade e de solvência que lhe permite enfrentar da melhor forma possível estas más previsões. A subida das taxas de juro é uma consequência da espiral inflacionista que estamos a viver, mas não podemos esquecer que o melhor investimento de refúgio face à inflação é o imobiliário e, mais concretamente, o investimento em habitação. As taxas actuais, apesar da subida, continuam a ser razoáveis e os encargos hipotecários por agregado familiar continuam a ser inferiores a 40% do rendimento familiar.

As taxas de venda continuam a ser estáveis e sustentadas no último trimestre do ano e a Domus RS espera um primeiro semestre menos dinâmico, especialmente na parte mais popular do mercado. Espera-se que os projectos destinados a rendas médias e médias-altas mantenham a boa tendência com taxas e preços semelhantes aos de 2022.

P: O sector residencial é sempre um dos sectores-chave. Muitos especialistas esperam que as transacções desçam mesmo dois dígitos, mas os preços não cairão tanto porque a oferta também diminuirá. O que pensa a Domus?

R: O mercado imobiliário residencial novo tem mantido um crescimento sustentado e constante nos últimos anos, que nem sequer foi abrandado pela COVID 19.

Na Domus RS não vemos uma descida de preços no segmento da construção nova, pois como o produto pode ser financiado e entregue a médio e longo prazo, é mais fácil evitar os altos e baixos do mercado a curto prazo. A procura de novas habitações é muito superior à oferta e as previsões de projectos futuros não conseguem equilibrar esta diferença.

P: Como é que a Domus está a lidar com esta situação? Quais são os seus pontos fortes?

R: A Domus RS está num momento muito bom, prestes a completar 10 anos, temos uma grande carteira de novos projectos residenciais, mais de 60, espalhados por todo o território, trabalhando para os principais promotores imobiliários do país.

Dispomos de um balanço muito saudável, de uma equipa com uma vasta experiência, de ferramentas e sistemas de informação adaptados à situação atual e de uma implementação e diversificação muito importantes. Acreditamos certamente que 2023 será mais um ano de sucesso e crescimento para a Domus RS, onde não descartamos o crescimento inorgânico através da aquisição de uma empresa do sector.

P: Planos de expansão: vão continuar ou ser suspensos?

R: A Domus RS dispõe atualmente de escritórios, equipas e estrutura em Madrid, Andaluzia, Galiza, Astúrias, Cantábria, Castela-La Mancha, País Basco, Catalunha, Baleares e Valência. E em Portugal, tanto em Lisboa como no Algarve. A nossa vocação continua a ser o crescimento nas áreas onde não estamos presentes e a consolidação onde já estamos presentes.

P: Qual é a linha de ação da Domus neste momento: reforçar os mercados que já foram explorados, iniciar outros?

R: Como referimos anteriormente, queremos crescer e consolidar-nos nos locais onde estamos e desenvolver actividades onde os nossos clientes nos pedem e onde podemos acrescentar valor. Cada abertura de um escritório ou de uma delegação implica um estudo pormenorizado do mercado e das suas potencialidades. Continuamos empenhados no crescimento e desenvolvimento da empresa.

P: Tencionam entrar noutros segmentos para além da construção nova?

R: A Domus RS oferece uma vasta gama de serviços relacionados com a gestão de activos imobiliários. Para além da comercialização de imóveis de construção nova, dispomos de uma divisão para a comercialização de bens detidos por bancos ou executados, que comercializamos graças à nossa rede de escritórios nas diferentes zonas do território.

Também prestamos serviços de gestão de activos ou de promotores delegados para fundos ou investidores que não dispõem de estrutura própria, sendo um bom exemplo os projectos que estamos a desenvolver no Algarve para um dos nossos clientes.

P: O Governo parece estar a acelerar os seus programas de arrendamento. Será esta uma saída, uma vez que haverá investimentos públicos e europeus?

R: É uma grande notícia para o sector o facto de o governo ter aprovado um acordo entre o Ministério dos Transportes, Mobilidade e Agenda Urbana e a Entidade Pública de Terrenos Empresariais (Sepes) para a promoção de habitações de aluguer a preços acessíveis, com o qual se estima promover 17 300 habitações no âmbito do Plano de Vivendas para o Arrendamento Acessível (Plan de Viviendas para el Alquiler Asequible, PVAA). Esperemos que estas medidas possam realmente acelerar e impulsionar as mais de 100 000 unidades habitacionais que o governo estabeleceu como seu objetivo, e que o público, especialmente os jovens, possa ter acesso a habitação para arrendamento a preços acessíveis.

Evidentemente que, se metade destas habitações serão, como diz o governo, provenientes do parque habitacional público e os restantes 50% do Sareb, os bancos e os fundos europeus exigirão uma colaboração público-privada num quadro jurídico estável.

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